terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Capítulo dois.

Acordara com a claridade que seus olhos demoraram para acostumar. Percebeu que estava em um grande salão. Alto, com um teto magnífico. Janelas à moda antiga que pareciam ser feitas de ouro. Demorou os olhos em cada detalhe do teto, tentando absorver toda a beleza. Imaginou que fosse um sonho. Mas, ao pensar nisso, alguém disse:
- Não, você não está sonhando querida.
Saltou do chão com o susto que tomara e ficou se perguntando de onde viria a voz.
- Estamos aqui. - Disse outra voz.
Quando virou-se percebeu que estava olhando para duas pessoas. Um homem e uma mulher. Eram bonitos, mas de feições cansadas e velhas.
- Você sabe porque está aqui? - Perguntou a mulher, era alta e magra.
- Não. - Respondeu com uma voz fraca, tentando entender o que estava se passando.
- Ora, vamos lá, pense. O que anda acontecendo com você? - Disse o homem, baixo e de bochechas rosadas.
- Eu não sei, não sei do que se trata. Não sei nem porque estou aqui... Aliás, onde eu estou?
- Uma pergunta de cada vez. - Disse a mulher. - Nós estamos aqui para lhe falar algumas coisas. Onde você está, nós não podemos dizer.
- Quem são vocês?
- Muito curiosa você, menina. - O homem disse com um olhar de censura. - Como você anda se relacionando com as pessoas?
- Que pessoas? Como assim? - Desatou-se a chorar.
- Oh, por favor não chore, Não vamos lhe machucar. Mas, precisas entender que as pessoas não são como você pensa que são.
- Porque estão me dizendo isso? - Disse em meio aos soluços.
- Você realmente não sabe? - Perguntou o homem com um olhar indecifrável.
- Bem, eu imagino... Mas, porque?
- Então, se imagina já é alguma coisa. - A mulher sorriu. - Você precisa aprender muitas coisas e precisa entender que nem tudo o que quer você conseguirá. Precisa entender que consegue se virar sozinha e que temos que arcar com as nossas escolhas.
- Pare de chorar menina, você... - O homem pensou no que estava prestes a dizer e completou. - Deixe para lá. Você precisa parar de cobrar, você às vezes nem pode e mesmo assim cobra.
- Mas, eu não percebo... Quem são vocês?
- Nosso tempo está acabando, por favor pense no que tentamos lhe dizer. Voltaremos a nos encontrar, em breve. Cuide-se e pense. Pense muito e sempre cobre de você antes de cobrar dos outros. Agora precisamos ir. Fique bem querida.
- Adeus menina, cuide-se. Cuide-se!
Os dois começaram a desaparecer linda e lentamente, como anjos. De repente, tudo ficou claro, a claridade a cegou e quando ela voltou a abrir os olhos estava novamente em seu quarto.
Foi a primeira vez que estivera com eles. Ou sonhara.

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